Dia 07 de fevereiro de 2015, saimos de São Paulo rumo ao Alaska, numa expedição com data para retorno, o plano era um ano na estrada alimentando os cachorros, e nós passamos pelos 17 países; Brasil, Argentina,Chile, Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Panamá, Costa Rica, Nicarágua, Honduras, El Salvador, Guatemala, Belize, México, Estados Unidos e Canadá. Depois de um ano e cinco meses cruzamos a última fronteira, havíamos rodado aproximadamente 62.000 Km, chegamos no Alaska! O plano de um ano já não existia mais, o tempo já havia deixado de existir, já não contávamos mais os dias, no caminho havíamos decidido que não voltaríamos neste prazo, era isso que queríamos para nossa vida, a vida na estrada, a liberdade de estar solto no mundo.
Passamos por desertos, vulcões, lindas praias, grandes cidades, pequenos povoados, montanhas, florestas, lagos de todas as cores; glaciares e paisagens de tirar o fôlego, chegar foi muito importante, mas o caminho nos deixou as maiores e melhores marcas, fomos além das paisagens. As histórias, os rostos e os olhares, fizeram desta trajetória um capítulo muito importante nas nossas vidas, nunca houve um dia igual ao outro, foram mais de 40.000 fotos, incontáveis sorrisos, muitas sensações; o medo, a dúvida, a insegurança, tantas experiências e encontros, sempre com alegria e coragem. Sabemos que já não somos mais as mesmas pessoas e que dificilmente nos esquadraríamos na vida que levávamos até o dia que batemos a porta do carro e saímos em direção à nossa maior e melhor aventura.
Como somos intensos em tudo, uma fronteira só não foi suficiente, depois de “Poker Creek”, também passamos por “Delta Junction” que é a mais conhecida e mais famosa entrada, tínhamos que dar uma parada naquela placa também e com o dia mais bonito, a foto ficou de revista! Delta Junction também é o final da “Alaska Highway” já no 49º Estado Americano, e lá estávamos, animados para ver tudo, inclusive os pernilongos gigantes que habitam essa região no verão; na primeira cidade eles já estavam lá, de mentira, mas já avisando que a coisa não seria muito fácil!
Se fosse um país independente, o Alaska seria o 17° maior país do mundo em extensão territorial, é o maior estado americano e o mais escasso em população, em 1867 quando foi comprado do Império Russo gerou muita polêmica, porque a maioria da população acreditava que o Alaska era somente uma região inabitável coberta de gelo, porém, descobertas de grandes reservas de recursos naturais levaram muita gente à região, inclusive o estado é o maior produtor de petróleo dos Estados Unidos. Ao contrário que nós pensávamos e que muita gente pensa, o Alaska tem grandes cidades e ao mesmo tempo tem as paisagens mais remotas e selvagens do planeta, é uma terra de superlativos; abriga o maior parque nacional e a maior floresta do país, glaciares mais extensos do que países inteiros, baleias-jubarte de até 15 metros, ursos de quase 500 quilos e nem é tão gelado quanto a gente imagina(no verão, é claro).
A primeira cidade que conhecemos no Alaska foi a pequena e interessante “Chicken” onde pepitas de ouro, galinhas gigantes, bares animados fazem da mini cidade uma parada bem interessante, muitos passam o verão todo na região em busca de ouro, já que a mineração recreativa é a principal atração do lugar. Toda essa região faz parte da “Corrida do Ouro de Klondike” nos anos de 1896 a 1899 um número estimado em mais de 100 mil garimpeiros tentaram chegar a essa região em busca de fazer fortuna com o ouro. Se você é fã do Tio Patinhas, o famoso personagem dos gibis, lembra que ele foi o “Rei de Klondike” e fez sua fortuna garimpando ouro por lá, eu nunca imaginei que Klondike existia quando lia as revistinhas do Patinhas… Charles Chaplin também estrelou o filme “The Golden Rush” onde foi tentar a sorte na febre do ouro por aquelas bandas.
Xiiiiii, chegamos no Walmart de Fairbanks e a Mundrunguinha começou dar sinais de cansaço, hora de colocar a mão na massa de novo e com ajuda do nosso amigo e sempre disposto Marc, em pouco tempo tudo estava funcionando bem de novo… e o Serginho ficando cada dia melhor nisso!
Walmart nos Estados Unidos é praticamente o quintal de casa para quem viaja e um ótimo lugar para fazer amigos, viajantes ou não… parados no estacionamento fomos abordados por Andrea, uma argentina adorável! Ela estava acompanhada de seu esposo Paul e seus lindos filhinhos Gérard e Emili, convite feito e é claro que fomos para um jantar alegre na casa deles, com muitas histórias e diversão!
Ainda falando de gente boa e simpática, seguíamos viagem com nossos queridos Marc, Connie e os bebês Chilli e Pepper, com eles seguimos para a casa do Claudio. Ele é um brasileiro que vive há muitos anos no Alaska e antes de sair do Brasil nós já nos comunicávamos, nós o apelidamos de embaixador do Brasil e ele nos recebeu muito carinhosamente junto com sua esposa Tereza, uma americana que faz o melhor pão de queijo do mundo! Passamos bons dias com eles, seus lindos filhos e com as amigas brasileiras deles que vivem em Fairbanks, muito interessante escutar como cada um chegou até ali e como é a vida num lugar tão diferente de onde nasceram… lá também conhecemos a Karla, que vive em Anchorage e falaremos dela mais para frente. Viajante brasileiro que foi para o Alaska e não conheceu o Claudio não fez uma viagem completa!
Em Fairbanks ganhamos um presentão, fomos conhecer a “Chena Hot Springs”um resort que no inverno se transforma num cenário espetacular, com piscinas termais rodeadas de neve, mas como estávamos em pleno verão, a visão era outra, acredito que tão bonita quanto, flores de todas as cores e tipos coloriam o lugar e logo que chegamos conhecemos a gerente que nos presenteou com quatro entradas! Uhuuuuu, nós adoramos, água quentinha, lugar lindo, ótima companhia e grátis, nossa cara!
O Alaska também é cenário de muitas histórias, séries, documentários, livros, filmes e um dos mais conhecidos é “Na natureza selvagem” ( Into the wild ), a incrível história real de Christopher Mc Candless que foi um dos melhores filmes de 2007 e trata da busca pela verdadeira felicidade, provocando a reflexão sobre o que achamos a respeito de nós mesmos e da vida que levamos. O “Mágic Bus” usado no filme se transformou em ponto turístico, os bilhetes, alguns pertences e as sensações desta história estão impregnadas neste lugar. O verdadeiro ônibus está no lugar original, na Stampede Trail, no Denali National Park, para chegar até ele existe uma caminhada difícil e perigosa e após o ocorrido com Mc Candless, o acesso a trilha é controlado e requer pagamento antecipado de possível resgate.
“A felicidade só é real se compartilhada”
Christopher Mc Candless
Essa região realmente é a natureza no seu estado selvagem, muito se decepcionam ao chegar no “Denali National Park” por esperar grandes atrações, ele é uma reserva de vida animal com belíssimas e gigantescas paisagens naturais e casa do pico mais alto dos Estados Unidos, o Monte McKinley, o acesso ao parque é somente com ônibus do parque e caminhadas, o que nos atraia ali era o “Sled Dog”, um esporte onde cães puxam trenós, mas faremos um post somente sobre este assunto, nós também esperávamos um pouco mais do Denali mas, como primeiro contato com a verdadeira natureza selvagem valeu a pena.
Do Denali seguimos 387 quilômetros até Anchorage, a cidade é um simpático porto cosmopolita e é a cidade mais populosa do Alaska, quase 300 mil pessoas vivem ali, com problemas e facilidades de cidade grande, nós nos surpreendemos com a grande quantidade de moradores de rua que vivem por ali, o inverno é duro, ficamos imaginando como vivem nas ruas no se as temperaturas chegam a -12 graus?
Lembram da Karla, aquela que conhecemos na casa do Claudio em Fairbanks? Ela havia nos convidado para irmos a sua casa e nosso segundo encontro foi delicioso, conhecemos seus lindos Huskies, conhecemos seu marido, cozinhamos, fizemos brigadeiro, ganhamos o verdadeiro Salmon do Alaska da mãe pescadora da Karla e deixamos um presente especial para ela, nossa bandeira do Brasil que nos acompanhou até o topo do mundo!
E já que neste post só estamos falando de gente legal e encontros deliciosos, vou contar para vocês de outra pessoa… conhecemos uma garota que se chama Camila ( por internet ) que nos falou da Sybille, disse que ela era a pessoas mais legal que ela conhecia e que nós tínhamos que ir conhece-la quando passássemos por Kenai ( vou mostrar todas as cidades que passamos, prometo), depois de um breve contato com Sybille, ela nos convidou para ir à sua casa e lá fomos nós!!! Pena que ficamos pouco tempo juntos, mas tudo foi tão intenso, os abraços, as conversas, as risadas… mas a casa da Sybille é tão incrível e intensa quanto ela, nos arrependemos muito de não ter passado mais tempo! Um dia quero voltar no Alaska só para dormir naquele quarto cheio de ursinhos brancos e dar outro abraço apertado nela!
Ufa, quanta gente boa, isso porque passamos pouco tempo no Alaska, quando falamos que as melhores memórias de uma viagem são das pessoas, não é da boca para fora, as paisagens estão nas fotos e permanecerão para sempre nos mesmos lugares, a qualquer momento podemos voltar, mas as pessoas que ali estiveram com a gente, realmente fizeram a diferença e esses momentos serão únicos, jamais voltarão.
Mas ainda tinha mais, teve a terceira vez que entramos no Alaska, encontramos nossos amigos da “Família Kumm” quando já estávamos voltando para o Canadá, entramos de novo com eles por Skagway, e desta vez com muita festa! Era a primeira deles, estavam chegando e tivemos que acompanhar, afinal eles realizavam o maior sonho das vidas deles e nós adoramos estar presente! Quer rir? Assista isso!
Passamos por Talketna, Kenai, Homer, Seward, Glenn Highway, Skagway… muitas cidades interessantes, são tantas fotos, tantos lugares lindos que farei outro post para mostrar tudo! Prometo que o mais rápido possível estará tudo aqui, afinal agora temos a internet da http://www.easysim4u.com/ nosso patrocinador!
Cada minuto valeu muito a pena, tudo que vivemos era exatamente o que imaginávamos, chegar até o Alaska deixou de ser uma meta e se tornou mais um destino, porque nossa aventura não para por aqui, esse agora é nosso estilo de vida, estamos a dois anos e meio na estrada e pensamos em ficar quantos mais forem possíveis, vimos que é possível viver assim, que é possível fazer da vida algo diferente, sem esperar a sexta feira para ser feliz, ser livre e sentir-se livre, experimentar novas oportunidades e deixar de viver preso à massa, ter oportunidade escolher o caminho que queremos seguir e fazer acontecer.
“Viajar é um ajuste da imaginação com a realidade”
agosto 25, 2017 at 11:41 am
Satisfação ler esse relato. Ano que vem tô chegando aí. Sigam bem! Abraço!
setembro 30, 2017 at 9:31 pm
Oi Daniel!!
Já está na estrada ou se preparando pra subir?
novembro 23, 2017 at 11:23 pm
Oba, valeu pelo conteudo hein 🙂
Ancioso por mais… Abraço.
janeiro 3, 2018 at 10:02 pm
We enjoyed meeting you, while you were eating you lunch camped in Borrego, and we had just finished our hike. We had seen a big horn sheep! We loved your great Range Rover rig. Your travel log and pictures are great. They remind me of my travel up the Al Can highway in 1969 while I was in college. What a great experience you are having. Love you, and your life. Roger
abril 1, 2018 at 1:35 pm
Adorei, eu amo o Alaska…