Entramos no pais e rapidinho caímos na “Ciudad de Guatemala”, fazia tempo que não encarávamos trânsito de cidade grande. Além de ter que lidar com o GPS que nem sempre nos manda para o lugar certo, muita gente quer tirar foto do carro e perguntar se estamos dirigindo desde o Brasil, isso com o carro em movimento, ai ferra tudo, o risco do pau fechar entre nós é sempre eminente, o Sérgio respondendo, eu gritando: Olha a curva! O carro do lado! O farol fechou, frea!!! A pessoa falando sem parar e a entrada que tínhamos que entrar ficando para trás, normalmente um pouco complicado… Por isso evitamos grandes cidades, pelo bem do casal.
Parados nesse trânsito começamos observar uma coisa no mínimo curiosa, a quantidade e o tipo das armas que as pessoas portavam. Um moto boy de operadora de celulares com uma escopeta 12mm pendurada nas costas, logo em seguida vimos um caminhão de cervejas com uma porta aberta atrás e um segurança com cara de rambo pendurado, prontinho para atirar com sua 12, seguranças dos parques, farmácias, na porta da perfumaria… Paramos num posto de gasolina e o cara tinha duas escopetas!!! Perguntei para ele, o porquê de tantas armas e se ali era um lugar muito perigoso, ele me respondeu que não, que era só para os bandidos saberem que se tentar qualquer coisa o chumbo é grosso. Vixiiiii. A paisagem mudou rapidamente, saímos do transito, mas seguiam as escopetas pelo caminho até chegarmos na antiga capital, talvez o local de maior fluxo turistíco da Guatemala, a belíssima “Antígua”.
Após inumeros terremotos e outros desastres naturais que resultaram na distruição quase total da cidade em 1773, ela deixou de ser a capital, mas sobreviveu lindamente , depois de reconstruida se transformou Patrimonio Mundial pela Unesco, bem preservada, a cidade colonial é vibrante, com muitos turistas, mercados coloridos, estrangeiros que chegam para estudar espanhol nas várias escolas que estão por ali, a cidade está sempre agitada. Cercada pelos vulcões, Fuego, este muito ativo, Água e Acatenango, de onde se olha é realmente um cenário de impressionar.
Bem triste é ver a quantidade de crianças trabalhando pelas ruas, Guatemala é o país da América Central com maior índice de trabalho infantil, às vezes bem pequenos, sozinhos ou acompanhados dos irmãos, normalmente os pais também são ambulantes e todos passam o dia pela cidade. Mais de 850 mil crianças trabalham no país, grande parte na fabricação de fogos de artifício e na área agrícola. São mini homens e mulheres já com o rosto sofrido e a infância perdida, por todos os lugares que passamos eles estavam tentando vender coisas ou se oferecendo como pequenos guias turísticos. Conhecemos duas lindezas , as pequenas amishis ( americanos peregrinos cristãos) que viajavam com seus pais e emprestavam sua balança para a pequena amiga trabalhadora se divertir um pouco numa pausa do trabalho, realidades imensamente diferentes.
Seguimos para conhecer o lago Atitlan, considerado um dos lagos mais lindos do mundo, é cercado por pequenas cidades e vilarejos com pura cultura maia, rodeado de vulcões e paisagens de tirar o fôlego. Escolhemos ficar em “Panajachel “, onde normalmente é o ponto de chegada dos turistas que dali seguem de lancha para os outros lugares da ilha.
Estávamos parados almoçando quando uma Defender parou do nosso lado e dela saiu um simpático e sorridente homem, conversamos um pouco, tiramos fotos, trocamos contatos e ele nos convidou para um café da manhã no dia seguinte. Logo de manhã ele estava no ponto onde marcamos e juntos seguimos para seu hotel. Desde o primeiro minuto notamos muita sintonia e o papo rendeu o dia todinho, Sergio Weller, esse é o nome dessa criatura doce e amável. Pediu que juntássemos toda a roupa que tínhamos para lavar e exigiu que dormissemos por lá. Cama, banho quentinho, muito carinho de todos os funcionários do hotel e um amigo para sempre. Depois daquele agradável dia, ainda passamos para visita-lo em sua casa na “Ciudad Guatemala” onde mais uma vez nos encheu de mimos e conhecemos sua linda filha Estefania, sempre nos falamos, planejamos uma próxima vez, em algum lugar do mundo, certeza que um dia vai dar certo. É impressionante como existem pessoas que aparecem e ficam, que a sintonia é imediata, ele nos abriu seu coração, falou dos seus sonhos e desejos, Sérgio parece um menino, com a doçura e a bondade que poucas pessoas têm… precisa colocar seus sonhos em prática e ser muito feliz, porque ele merece.
Para vocês sentirem o grau de gentileza desse povo, vou contar uma pequena história. Pela internet procuramos um mecânico, paramos num posto para pedir informação sobre o endereço, o frentista já pegou o telefone e ligou para o mecânico (ele o conhecia) em dois minutos vieram nos buscar. A mulher dele já tinha preparado um café da manhã caprichado para nós quando chegamos. Eles fizeram um trabalho de primeira, sempre com cara boa, sabe gente que trabalha satisfeita? Cobrou um preço justíssimo, praticamente nos obrigaram a almoçar, isso tudo sempre observados pelas fofas cachorras da família e a pequena Alisson, a amorosa, sorridente e fofíssima filha do casal. Na despedida Allisonon me pegou pela mão, me levou para o quarto dela e falou que eu podia dormir lá se eu quisesse… O dia foi de trabalho duro, mas muito leve e de bom papo. Fomos embora emocionados, com a família parada no portão, com sorrisos puros e sinceros nos desejando sorte e boa viagem.
Um destino imperdível na Guatemala é “Semuc Champey”, para nós, chegar não foi nada fácil, a estrada de terra que em algumas partes ficava bem estreita e cheia de buracos, com pessoas fechando o caminho em protestos contra o governo, crianças pedindo dinheiro e muita chuva na região dificultou as coisas, mas demos muita sorte, choveu muito um dia antes e um dia depois, mesmo assim conseguimos aproveitar bem e conhecer o impressionante e imperdível rio. Semuc Champey, significa “onde o rio se esconde na montanha”, é uma ponte natural de calcário que cobre o leito do rio Cahabón, formando diversas piscinas naturais e cascatas turquesas cercadas pela mata densa, é considerada uma das paisagens mais lindas do mundo. A caminhada é pesada para chegar até o mirante, mas o visual surreal apaga qualquer sinal de cansaço e na descida um mergulho refrescante pode ser a recompensa para quem tem a sorte de conhecer esse lugar dos sonhos.
Antes de chegar entramos numa pequena roubada, sabe aqueles lugares que na foto parece uma coisa, mas quando você chega já vê que caiu numa cilada? Na entrada tivemos que contratar um tal “guia” para conhecer a “Gruta de Lanquin”, nos disseram que era perigoso irmos sozinhos… Ele nos acompanhou com uma vela que mal dava para ver 20 centimetros adiante e ficava apontando dentro da gruta escura sugerindo que as rochas tinham formas. Olhem ali está o macaco, a virgem, a águia, o sapo… Em todas as cavernas do mundo sempre estão as mesmas figuras, esses guias tomam o mesmo alucinógeno eu nunca enxergo nada … Menos de dez minutos de passeio ele já estava com a mão esticada esperando o dinheiro e ainda fez a pergunta: Gostaram? Os dois idiotas responderam que sim é claro, mas questionamos que nas fotos a gruta estava iluminada e bem diferente. Ele nos respondeu que a municipalidade não havia pago a conta de luz. Que maravilha hein? Bem, mas para não perder a viagem, dormimos por ali e vimos um espetáculo à parte, pontualmente àss 18:30 centenas de morcegos saem da caverna, o ruído é bárbaro e a cena parece de filme de terror, sem contar o medo que eles viessem em cima da gente e grudassem nos cabelos… essa realmente foi a melhor parte da gruta, o lado de fora.
Na encantadora “Flores” parada obrigatória antes de chegar no “Parque Arqueológico de Tikal” fizemos dois amigos que fariam toda diferença, com eles seguimos viagem e por muito tempo ficamos juntos, os italianos “Andrea e Lola” apareceram para tornar nossos dias mais divertidos, nossos macarrões muito mais interessantes, sem contar o perfumado cafezinho italiano nas paradinhas da estrada… Com eles fomos a Tikal, caminhamos entre as impressionantes pirâmides e ruínas, um dos legados mais importantes da cultura Maia, apreciamos um lindo pôr-do-sol com a floresta de moldura e dormimos clandestinamente na entrada do parque, com o som dos macacos no seu ambiente natural. Ali nos preparamos para o dia seguinte, juntos fomos em direção à fronteira de Belize, deixando para trás o país mais querido da América Central.
dezembro 9, 2016 at 8:51 pm
It was pleasant to meet you at the mechanic shop with Merick. I very much enjoyed seeing pictures of places I may never be able to go to. May God grant you many blessings and continual safety.
Agape, Ron and Grace
janeiro 16, 2017 at 12:58 am
Hey brother… nice to see your message!
For sure you can go anywhere you want and desire.. its just a matter of planning your life..always remember that!!
Was nice to meet ou too and hope we can go again to Oregon and see all you guys again!!
Cheers!!