No Ecuador vivemos uma experiência muito triste, a que sempre tememos. Conhecemos alguns garotos, que por aquelas coisas do destino nos pararam na rua para ver o carro e eram sobrinhos do dono do camping que estávamos procurando. Eles tinham uma Land Rover Séries e por isso nos abordaram, eram vizinhos do camping e tinham mais em comum… adoravam os cães.

Passamos uma noite muito agradável, compartilhamos o jantar, batemos papo e conhecemos todos os cães dos meninos. Eram quatro, três machos e a única fêmea, a Chocolate, que carinhosamente chamavam de Choco.

Uma bebezona linda de 1 ano, olhos cor de mel e muito carinhosa. O que mais me chamou a atenção nesta noite foi que na hora que os meninos se despediam, Choco continuou deitadinha, olhando apaixonada para seu dono, para que ele a levasse no colo. E assim foi… ele a levou como uma bebê para casa.

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No outro dia, fomos fazer um passeio e quando regressamos, passamos a frente da casa dos meninos, os quatro cachorros correram felizes atrás do nosso carro e seguimos para o camping.

Menos de dez minutos depois, Sebastian, chegou correndo com Choco passando muito mal, não ficava em pé , tinha espasmos , os olhos vidrados e salivando muito. Logo deduzimos que poderia ter sido envenenada. Alguém falou que com óleo ela vomitaria e ia melhorar. Fizemos isso, sem efeito, sem pensar muito e perder mais tempo, colocamos Choco e Sebastian dentro do carro e corremos para um veterinário.

Prontamente, na calçada mesmo a veterinária tentou de tudo na cadela já desacordada, aplicou  injeções, sacudiu-a  para todos os lados na tentativa dela vomitar… e nada. Mandou que eu corresse na farmácia para comprar uma bolsa de soro e um cateter, corri feito uma louca pela cidade que nem conhecia e em menos de cinco minutos estava de volta com as coisas.

Quando olhei na calçada não havia mais ninguém… olhei para dentro do veterinário e vi o garoto sozinho. Choco havia morrido e Sérgio estava com a pobre cadela morta dentro do carro.

Em silêncio voltamos, o pobre garoto chorava sem parar e passava a mão na cachorra na esperança dela acordar… era de partir o coração. Chegamos a casa e todos os outros cachorros vieram nos receber, quando descemos Choco, enrolada num papelão os outros a cheiravam e olhavam curiosos… a cena mais triste de todas.

Ajudamos Sebastian enrolar Choco num saco plástico e os deixamos esperando por Álvaro, o outro irmão, que vinha correndo do trabalho na esperança de encontrar a cachorrinha ainda viva.

À noite Sebastian, que é um menino de 18 anos muito doce e educado, veio nos ver, estava de dar dó, seus olhinhos estavam pequenos de tanto chorar… Dava vontade de pega-lo no colo. Nos abraçamos e ele saiu de cabeça baixa. Nem sabíamos o que dizer a ele.

Nos sentimos muito impotentes, se soubéssemos o que fazer, talvez ela teria sobrevivido. Alguns dias depois conhecemos um rapaz que nos disse que conseguiu salvar seu cachorro de envenenamento, notou os primeiros sintomas e fez com ele engolisse quase uma garrafa de óleo e isso o fez vomitar, disse que com água e sal também poderia. Logo em seguida correu para o veterinário e hoje segue feliz com seu amigão. Não sabemos se isso é correto, mas no caso dele deu certo.

Fomos embora do camping para um passeio e voltamos alguns dias depois, as coisas já estavam tranquilas e Sebas já estava sorrindo de novo.

Estávamos na casa de Valentin, o dono do camping, quando tocou o telefone… era seu filho Josué, um rapaz muito querido que também vive ali na comunidade. Pediu para falar com o Sérgio e nos contou que seu cachorrinho Dumbo havia se machucado  gravemente e se poderíamos ir com eles ao veterinário… Prontamente saimos e correndo com Dumbo para a clínica, o pobre gemia muito de dor, assustado, com um corte enorme e profundo no pescoço.

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Quando chegamos o veterinário, ele nos falou da gravidade do corte, que estava muito infeccionado. Esperamos até que ele fez tudo que era necessário, inclusive sedar o pobrezinho, limpar tudo, aplicar várias injeções e dar mais de dez pontos.

Depois de quase duas horas, saímos com Dumbo na sua caixinha, ainda anestesiado, todo enfaixado, mas bem.

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Deixamos os dois em casa e no outro dia, antes de irmos embora passamos para ve-los. Dumbo já estava caminhando e Josué prometeu que não ia deixa-lo mais sair na rua para brigar… Coisa complicada hein, Dumbo com quase doze anos é o maior briguento da rua, teve um irmão grandão que o defendia, o irmão se foi e Dumbo continua pequeno e valente. Ahh Dumbo, escapou por pouco hein…