Oaxaca
É muito interessante como surgem pessoas na vida da gente que parecem que sempre estiveram, Connie apareceu em nossas vidas por internet em algum momento da viagem, nós em algum ponto do mundo, ela em outro. Fomos mantendo contato e programando um encontro em algum lugar e ele aconteceu em Oaxaca. Viajantes natos, ela e Marc viajavam com seus “bebês” Chilli e Pepper.
Nossa conexão foi imediata, uma afeição instantânea, com muito em comum, o que transformou esse encontro em fortes laços de amizade. Connie com seu sorriso fácil, espontânea e amorosa, Marc extremamente prestativo e tranquilão, os “bebês”, dois gostosos, foi fácil se apaixonar por esse povo.
Quando nos despedimos, como eles sabiam que havíamos sido roubados, com muito amor e solidariedade, eles nos deram um GPS, o que nos deixou muito emocionados, saímos com uma das melhores sensações que se pode ter, a gratidão, pelo presente e também por encontrar gente tão generosa. Nossa história não acabou por ali, deixamos um outro encontro marcado e cumprimos em grande estilo, mais para frente vocês verão essas figuras de novo.
Nessa passagem por Oaxaca fomos à “Tlacolula” conhecer o mercado de domingo, uma experiência única e obrigatória na região, os indígenas de muitos povoados do vale chegam para comprar e vender, não deve haver em todo México um lugar mais colorido e de tantos sabores. Tecidos, roupas, comidas, bebidas, flores, artesanatos, cultura popular e muito mais, são várias ruas para passar um domingo cheio de vida.
Seguimos viagem e entramos no estado de “Puebla”, passamos por lindas cidades coloniais e “pueblos mágicos”. A primeira foi “Cholula” um lugar cheio de arte e história, com lindas igrejas, são 365 no total, gente muito simpática e grande riqueza arquitetônica, toda essa região é muito bonita e tranquila.
Vinte e sete quilômetros separam “Cholula” de “San Nicolas de los Ranchos” o minúsculo povoado que tem a impressionante vista do vulcão “Popocatépetl”, em abril de 2016, exatamente um mês que havíamos passado por lá, o gigante teve uma das maiores atividades de todos os tempos, ocasionando uma chuva de cinzas e material incandescente que atingiu várias cidades. Nesse lugar no meio do nada comemos a melhor pizza da viagem, e acreditem , ela tinha até abacate.
Depois de cruzar o “Paso de Cortes” em direção à “Ciudad de México” vivemos um verdadeiro inferno somente para contornar a capital do país (na tentativa frustrada de conhecer Xochimilco, a Veneza Mexicana, ficamos quatro horas no trânsito tentando sair da cidade). No outro dia fomos em busca de um dos eventos mais belos da natureza, conhecer o “Santuário da Mariposa Monarca”, outra frustração.
As borboletas migram dos Estados Unidos e Canadá fugindo do inverno, recorrem milhares de quilômetros e se refugiam nos bosques mexicanos, formando reservas protegidas no estado de Michoacán, as informações eram um pouco desencontradas, mas conseguimos encontrar o pequeno povoado. Quando chegamos, a péssima informação, elas estavam todas mortas, por causa de algumas noites de frio intenso fora de época. Uma tristeza porque todos que viram nos disseram que é um espetáculo maravilhoso, uma floresta inteira coberta por borboletas, imaginem! Peguei essa foto da internet só para vocês conhecerem, quem sabe um dia voltamos.
Por ali fizemos alguns amigos, um lugar muito pobre e enquanto os pais trabalhavam, vendendo comidas e lembrancinhas, as crianças passavam o dia pedindo coisas e se oferecendo como “mini guias”. Quando um deles nos ofereceu seus “serviços” e eu respondi que não iriamos porque elas estavam mortas ele me respondeu: Mas não tem problema, você me paga e levo você para ver elas mortas mesmo. Caímos na risada com tamanha sinceridade do pequeno guia.
As crianças e os cachorros tem muita coisa em comum, a ingenuidade, a ternura, a verdade dos olhos e as demostrações de carinho sem interesse. Se não gostam, não fingem fingem gostar, eles são felizes com pouco, ambos não retém mágoas e chegam para alegrar a vida da gente. Em qual momento será que perdemos essa pureza dos sentimentos, que os animais nunca perdem? Sim, temos uma chance de ser como os animais, continuar sendo crianças.
Nossa última parada antes de seguir em direção à costa mexicana foi na cidade de “Morélia”, a capital do estado de Michoacán. A bonita cidade abriga festivais de cinema e de gastronomia e também é um dos mais importantes centros religiosos do país, seus mais de duzentos edifícios históricos foram construídos com pedras rosadas típicas da região, por isso a cidade é conhecida como “La Ciudad de la Cantera Rosa”, uma linda, grande e moderna cidade.
Depois de alguns dias cortando o país em direção ao mar chegamos ao Pacífico, encontramos um paraíso pouco procurado, a baia de “Maruata” que se esconde num pequeno povoado rural, praias de areia dourada, ondas de espuma branca, azul profundo do pacífico, tudo isso emoldurado por linda vegetação e montanhas. Aí acampamos, dormimos e acordamos com os pássaros e o barulho do mar, a vontade era de viver ali para o resto da vida, mas não, porque as belezas do pacífico só estavam começando.
Passamos pela linda e movimentada “Puerto Vallarta”, uma cidade bem grande e turística e seguimos em direção ao que mais nos interessava nessa região a “Playa Escondida” nas “Ilhas Marietas” em Nayarit. Quando se planeja uma viagem, curta ou longa, sempre existem lugares que estão na lista de desejos e esse era um deles. Passamos a noite na cidade e no outro dia cedo saímos de barco desde “Punta Mita” em direção ao paraíso, mas não era bem assim…Vejam o que nos venderam… (fotos internet)
E que nos entregaram? Depois de uma meia hora sacodindo no mar agitado o barco atracou perto da ilha, o lugar era maravilhoso e para alcançar a praia tínhamos que saltar do barco um pouco distante e entrar nadando por uma pequena caverna de dois metros de largura com água até a metade, devia haver uns dez barcos atracados e uma pequena população querendo atravessar para a praia, quando as ondas vinham nem preciso dizer o que acontecia né?
A maré jogou o bloco de gente para dentro da praia, aos gritos e dando cabeçadas nas pedras. A pequena praia era linda, mas com tanta gente perdeu um pouco do encanto, mas ok, então chegou o melhor momento, de nadar contra a corrente para sair e ainda ter que competir com aquela quantidade de gente que estava na praia. Crianças desesperadas, vovós se afogando, pé de pato na cara, empurrões, cotoveladas e gritaria, nos sentimos em um duathlon do horror, só que ao invés de correr e nadar, as modalidades eram nadar e lutar… certeza que essa foi a parte mais divertida dessa história. Nosso erro, chegamos em pleno carnaval, tudo lotado, caro, mas com certeza muito mais divertido.
Como diria a querida Dory: “Quando a vida te decepcionar, continue a nadar…continue a nadar.
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