Projeto Mundo Cão

Depois de tanto sacolejar por estradas de terra, desde a fronteira com o Chile, encontramos o abençoado asfalto. A estrada de Uyuni até Sucre é linda, um tapete! Passamos rapidamente por Potosi, mas foi  em Sucre que descansamos dois dias e colocamos  as coisas em ordem novamente.

O centro histórico de Sucre, lembra Minas Gerais. Movimentada e animada, é orgulho dos seus moradores. Como a maioria das pessoas,  eu acreditava que La Paz era a capital da Bolívia,  Sucre é a capital… La Paz é a sede administrativa, onde fica o governo. Geografia in loco hein…

Ficamos num hostel, estilo dormitório, com gente do mundo todo, cada um fazendo seu curioso café da manhã, trocando experiências e se comunicando da forma que dá. Os europeus viajam muito, em todas as idades, nos hostels sempre tem uma moçada bem interessante. Conhecemos um garoto alemão, com 22 anos falava muitos idiomas, inclusive um pouquinho de português, são nessas conversar que as dicas aparecem e fica mais fácil se situar.
No mercado de Sucre, mais uma vez fechamos os olhos para higiene e curtimos o passeio.  Tive que segurar o Sérgio que, com seu estomago de avestruz,  queria comer tudo que era coisa estranha que havia por lá. Mas,  passar mal e ter uma crise estomacal ou intestinal na Bolívia não seria uma experiência das mais agradáveis… então frutas e legumes, com casca é claro e  pães foram as aquisições.  O melhor mesmo é olhar tudo e todos.

Sabíamos que chegar a La Paz, não seria uma das coisas mais fáceis, encontramos poucas informações sobre rotas, cidades ou hotéis, que recomendassem  no caminho. Sabíamos que seria um trajeto de pelo menos 9 horas, isso se  não pegássemos os tais dos “paros”  no caminho, que são bloqueios nas estradas que as pessoas costumam fazer para manifestar vários tipos de problemas. Pegamos dois, então quer dizer, chegar a La Paz não foi nada fácil.

Terminamos a noite na metade do caminho, com muita chuva, na cidade de  Challapata, acho que foi o lugar mais feio que vi na minha vida,  e ainda tinhamos outro desafio… comer algo…tinhamos passado o dia sem comer quase nada.

Paramos num restaurante  de arrepiar,  não sei se foi a fome, mas a comida até que estava boa, na Bolívia normalmente vem uma sopinha antes do prato principal e essas sopinhas salvaram em várias ocasiões.

Dormimos no carro, num posto… parecia o lugar mais limpo e bonito.
Cedinho, zarpamos … sabendo que o dia seria de muitas surpresas.
E foi… o caminho com lindas paisagens, inclusive os lindos campos de arruda e de quinua.

Tínhamos que parar para almoçar… e mais uma vez ! Olha que maravilha… macarrão, sebo com osso, beterraba, banana cozida e limonada. Delíciaaaaa, até o Sérgio avestruz, desta vez arregou. Mas a sopinha da entrada mais uma vez salvou.

Nosso destino era  Mallasa, um oásis bem próximo a loucura e o trânsito de La Paz, onde fizemos amigos e tivemos um final de noite muito agradável, com várias caipirinhas, boa conversa e boa comida.

Bob, um francês figura, que viaja com sua esposa,  tinha em seu  caminhão casa, dois lindos cães e uma garrafa de cachaça 51 fechadinha. Ele foi piloto de avião e certa vez tomou uma caipirinha deliciosa, em algum lugar do mundo, quando viu a cachaça em algum canto a comprou, na esperança de um dia aprender fazer uma boa caipirinha, e nessa noite ele aprendeu…  tão bem que a garrafa se foi toda.

Conhecemos o Vale de la Luna, passeamos de teleférico, vimos a maluca e gigante La paz de cima, que pelo trânsito , as ladeiras e a bagunça, talvez seja o melhor jeito de conhecê-la mesmo. Fomos ao supermercado, coisa que não viamos desde a Argentina, tudo na Bolivia é vendido em pequenas vendas e normalmente trancadas… escolhe-se as mercadorias da porta, doideira né?

Enfim, essa parte da viagem, foi muito interessante, tudo bem diferente do que estamos acostumados, curtimos muito. Viajar é isso, sair dos nossos costumes, conhecer pessoas, provar novos sabores…ou desabores…descobrir coisas e lugares, enfim,  viajar é mudar a roupa da alma… no nosso caso, estamos mudando muito mais a roupa da alma do que a do corpo!