Sempre soubemos que o envio do carro da Colômbia para o Panamá seria um momento de preocupação e stress, para isso nos preparamos psicologicamente e financeiramente, na medida do possível correu tudo bem.
Dia 19 de dezembro desembarcamos no aeroporto do Panamá para esperar nossa “filha” completar sua travessia, essa que seria longa, ela foi passear por Miami, Jamaica, Cuba e outras bandas, foram 22 dias no barco, por ser final de ano com tudo mais complicado e caro, não tivemos muita escolha e ficamos muito dias sem a nossa casinha.
Num domingão, chegamos na “Ciudad de Panamá”, encontramos a cidade bem tranquila, não tínhamos reservas em nenhum hotel, com ajuda de um simpático taxista e um endereço que tínhamos em mãos, chegamos à um hostel que mais parecia um casarão abandonado.
Depois de muito insistir no interfone e um tempão perdidos dentro do prédio, encontramos Bob, a única pessoa que estava por ali, um senhor americano de 84 anos, que vivia por lá a 5 meses. Algum tempo depois apareceu o dono, que nos fez um bom preço, falou que não precisávamos pagar naquele momento, nos indicou onde era o supermercado e desapareceu. Desapareceu mesmo, depois de alguns dias descobrimos que ele havia ido para a Alemanha passar as festas de fim de ano com sua família…assim surgiu Marcela, a sócia dele que nem sabia quem éramos, desde quando estávamos ali e quanto ele havia nos cobrado a estadia.
Foram chegando os hospedes por causa do fim de ano e a coitada não tinha as senhas dos sites de reservas, o tal sócio não respondia e-mails, ela não sabia onde colocar tanta gente, nós trocamos de cama três vezes e por fim estávamos dormindo no quarto do sócio desaparecido.
Foram dias interessantes e divertidos por ali, conhecemos muitas pessoas bacanas neste hostel, aproveitamos para fazer um dindim, vendendo salada de frutas…eu quase morri de rir do Sérgio gritando na rua..”ensalaaaaada de frutas…” praticamente um feirante, essa lado dele eu não conhecia. o povo do hostel só comia macarrão e pão, fizemos o maior sucesso.
Bob o senhor americano, era nosso maior cliente e como já estava ali por tanto tempo se sentia na própria casa, era dono do controle remoto da TV, andava de cueca sem a menor preocupação pela casa, ninguém sabia da sua história e dizia que se morresse era para chamar o consulado. Pobre Marcela…
Os edifícios espetaculares fazem a Ciudad de Panamá ter uma cara de modernidade e luxo, que descobrimos ser um pouco fantasioso, é tudo muito bonito, mas saindo do trecho Costanera, mega shoppings, lindos hotéis e inúmeros bancos, o esgoto corre a céu aberto pela cidade.
O Casco Viejo tem seu charme, mas deveria ser mais limpo e conservado, com lindos casarões antigos vale um passeio de fim de tarde.
O turismo do Panamá gira em torno do Canal, claro que não poderíamos deixar de conhecer, realmente é bem interessante, escolhemos conhecer as Eclusas de Gatún e aproveitar para visitar o Forte San Lorenzo que está bem próximo dali. No caminho ainda tem a Zona Franca, que não paramos, primeiro porque compras já não fazem parte do nosso mundo e tinha que pagar para entrar… claro que não fomos.
O Arquipélago de San Blas talvez seja a maior beleza do Panamá, mas infelizmente não conhecemos tínhamos a opção da travessia de Cartagena por veleiro, os valores estavam impraticáveis por ser fim de ano, o mais perto que chegamos foi Guaira ( rsss) fizemos uns amigos, vinte pessoas de uma só família… que nos emprestaram um lugar super tranquilo para estacionarmos e ali passamos dois dias bem agradáveis, apesar de ser réveillon que estava tudo lotado.
Tivemos uma real amostra da beleza das praias panamenhas quando fomos à ” Bocas del Toro” foi nosso contato com o mar do caribe de cartão postal, sem contar que para chegar até Bocas, o caminho todo é por uma estrada espetacular, que felizmente ainda é propriedade dos indígenas.
Falando dos indígenas, uma experiência muito linda foi conhecer a cidade de “Boquete”, (sem pensar bobeira…) o lugar é muito bonito, mas a nossa maior sorte foi estar por ali num final de semana e ver os mercados lotados de indígenas que vêm de toda a região fazer suas compras do mês, com a beleza e colorido de suas roupas típicas, a pureza da raça e a ingenuidade no olhar que só eles tem.
Quase todo tempo que estivemos no Panamá estivemos com nossos queridos Michel e Lauriene, dois amigos que conhecemos no porto de Cartagena, aliás os carros embarcaram juntos e com ele o Sérgio fez todo o complicado e demorado desembaraço no Porto de Manzanillo em Colón, já no Panamá.
Esse casal belga vive viajando a mais dez anos, pararam durante algum tempo no Brasil, onde eles têm uma casa e viveram os últimos tempos, como nós, seguem para o Alasca com seu Sakado, uma casinha rodante muito charmosa que eles mesmos montaram. Esses dois são exemplo de amor, coragem, experiência e principalmente de vida, porque não param , não se escoram na idade, o melhor foi ele me dizendo: Temos remédios para 18 meses, até ai seguimos viajando… falar o quê destes dois? Com seu olhar de menino sapeca adora uma aventura, com eles nos divertimos muito.
Quanto aos cães, na Ciudad de Panamá vimos pouquíssimos pelas ruas, soubemos que são recolhidos à refúgios, existem muitos na cidade que castram e oferecem outra chance para eles, tivemos um contato com a fundasis.org que nos informou no país desde 2012 uma lei regulamenta a guarda de animais domésticos, uma conquista, porque vimos vários países na América do Sul que ainda brigam por isso, mas essa lei não é o suficiente para resolver o problema dos animais abandonados, se não fossem esses refúgios o problema seria bem maior, nas pequenas cidades e lugares mais afastados, claro, eles estão todos lá e nós encontramos vários.
Criamos muitas expectativas em relação ao Panamá, mas nos pareceu o país menos interessante até então, como cada um tem sua opinião, só conhecendo para ter a sua, com os dois pés na América Central agora é só seguir em frente, deixando nosso sétimo país para tráz.
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