Projeto Mundo Cão

Claro que no Peru todo existem muitos cachorros pelas ruas, a história se repete, quanto mais afastado dos grandes centros, nos povoados e periferias eles estão lá, aos montes… sofrendo, procriando, comendo lixo, doentes, magros… mas com o mesmo olhar, sempre esperando… desta vez, não falaremos de tristeza, falaremos de histórias de amor, de animais amados e pessoas que mesmo às vezes não tendo muito para si, tem em seus companheiros mais que um animal de estimação, um fiel amigo e talvez até o único amigo.

MILI,
Chegamos ao camping Quinta Lalá em Cusco e quando o portão se abriu, fomos recebidos com um sorrisso simpático e latidos felizes…Durante os dias que ali ficamos, observamos o carinho e dedicação que a simpática Mili,  cuidava do camping  e dos seus cachorrinhos, gatinhos e galinhas.
Todos tirados da rua ou deixados ali, entre cobertinhas no sol e bichinhos de pelúcia, tomavam sol, brincavam na grama e faziam amizade com todas as pessoas que chegavam , até as galinhas comiam na mão.
Mili falava de seus animais com os olhos cheios de amor, não era difícil ve-la durante o dia, entre seus afazeres, dando uma parada para um carinho e uma conversa com seus bichinhos…No dia que fomos embora,  dei a ela uma bolsinha  que tinha uma estampa de cachorro, era usada, minha… mas a foto era muito parecida com um dos seus cães,  nunca vi alguém com um olhar tão brilhante, me deu um abraço tão gostoso…parecia uma criança feliz! kkkkkkkkk

TRISTEZA E CUMPLICIDADE
Passamos dois dias seguidos e a cena era a mesma, a tristeza dos olhos também.
Sentada em baixo de uma marquise, estava uma senhora, que como tantas, na idade de estar sentada num sofá, com as pernas protegidas por um cobertor quentinho, tricotando para seus netos, sobrevive de moedas e da caridade dos poucos que se comovem.
Mas outra coisa que observamos que também seguia igual era a cumplicidade de seu companheirinho, sentado da mesma forma, no mesmo lugar, o tempo todo… um fazia companhia ao outro, sem expectativas… sem nada, só sentados na cumplicidade, da tristeza e do amor, certeza que entre eles existe muito amor.

COMO  É BOM TER UM IRMÃO
Eles vivem soltos e aparentemente felizes, eles não tem dono… mas um tem ao outro!
Chegaram não se sabe como aos Baños Termales de Cocalmayo, Santa Teresa, e ali ficaram.
Correm, brincam, se mordem… e todos se apaixonam.
Nas termas eles nunca estão sozinhos, num lugar de movimento constante, com sorte um dia alguém se encanta e os adotam… são lindos, alegres e irmãos.
Vamos acreditar nisso, torcer para que continuem juntos, que sejam felizes e encontrem muito amor.

HOTEL TAMPUMAYU
No caminho de Cusco para Nasca, fizemos uma parada para dormir, mais uma vez quando se abriram os portões, vieram as latidos, os rabos sacudindo e muitas cheiradas… nas pernas e no carro. Pela manhã fomos atacados durante o café, nossas bolachinhas, pães e o que restava dos nossos frios, tivemos que dividir em cinco, claro que a menor parte ficou para nós, enquanto comíamos uma parte eles comiam duas, a nossa desvantagem é que temos que mastigar e eles engolem tudo inteiro…com as caras mais lindas e os olhos mais pidões. Depois que a comida acabou, a sessão carinho foi longa, que até dormiram e a despedida muito triste.

Neste mesmo hotel conhecemos o Willian, um rapaz que trabalhava ali. Ele nos contou a história de um cão inca que vivia ali também e perdeu um testículo numa das suas andanças pelas redondezas, isso lhe causou uma hemorragia muito forte quase levando o cão a morte. Sem veterinários por perto eles mesmos costuraram o pobre cão, esperando pelo pior. Aos poucos o cão se recuperou e desde então não desgruda mais de Willian, ficou muito medroso e só atende ao chamado do amigo salvador

Ahh, são tantas histórias bacanas, aos poucos colocaremos todas!