Uns cinco anos antes de começarmos essa viagem eu sonhei que estava deitada na ponta de uma rocha gigante, cercada de uma imensa paisagem, eu sabia que aquele lugar era o “Grand Canyon”, mesmo sem nunca ter ido até lá. Nunca me esqueci daquele sonho porque junto comigo estava a pessoa mais importante da minha vida, minha mãe, que já havia falecido. Acordei com a sensação que realmente tínhamos estado juntas naquele lugar e chegar ali tinha um significado especial para mim. Quando debrucei frente à paisagem e vi a imensidão se materializar frente aos meus olhos, só confirmei, eu já havia estado ali.
Quando imaginamos paisagens grandiosas e impressionantes é impossível deixar de pensar em “Grand Canyon”, tanto pela beleza, como pelas suas proporções, são quase 450 quilômetros de extensão, nas partes mais largas chega a 30 quilômetros de longitude e quase dois quilômetros de altura nas partes mais profundas, recebe ao ano aproximadamente 5 milhões de visitantes, pode ser visitado o ano todo, mas é preciso levar em consideração o clima, no verão as temperaturas são bem altas e no inverno pode nevar e ter algumas limitações.
O “Grand Canyon National Park” é um dos mais antigos parques nacionais americanos, suas entradas são “North Rim” e “South Rim”, a atração “Skywalk” que é a famosa passarela de vidro fica em “West Rim”, está dentro de uma reserva indígena e não faz parte do parque nacional, a entrada é cobrada à parte. Nós não fomos conhecer porque estava bem fora do nosso trajeto.
A estrada que segue até “Desert View”, em South Rim, é uma rota imperdível, os diversos miradores pelo caminho revelam surpreendentes vistas do canyon, são 42 quilômetros para chegar até a “Torre de Vigilância” que tem a mais bonita vista do ” Rio Colorado” e de lá se vê toda a zona desértica.
Compramos o “Annual Pass”, que é um passaporte no valor de 80 dólares, que dá direito a conhecer mais de 2.000 parques nacionais, florestas, refúgios de vida selvagem, entre outras áreas federais, no período de um ano. Isso vale para um carro particular com no máximo quatro adultos, crianças abaixo de 16 anos não pagam. Para aposentados o preço é mais baixo, vale muitíssimo a pena porque normalmente a entrada de cada parque gira em torno de 20 ou 30 dólares. Essa é uma das maiores diferenças dos Estados Unidos, o super incentivo ao turismo, em relação a todos os outros países que passamos, onde as atrações para estrangeiros sempre tem preço diferente, maior é claro, o turista é sempre explorado, normalmente somente significa um cifrão. O “Annual Pass” pode ser comprado no primeiro parque nacional que você encontrar e centros de visitantes.
Várias opções de hospedagens e restaurantes estão dentro e fora do parque, se estiver de carro é essencial que abasteça antes de entrar. A pequena cidade que esta do lado de fora, tem opções bem mais baratas de hospedagem e comida. Pode levar lanches, frutas, fogão , geladeira de isopor, os americanos adoram um picnic e os turistas aprendem rapidinho, difícil é ver os indianos ( que vivem aos montes nos Estados Unidos) comendo seus verdadeiros banquetes e o cheirinho da comida??? Dá vontade de ir perguntar o que eles estão comendo… Tem água potável e filtrada em todos os lugares e o “Centro de Visitantes” é interessantíssimo com muita informação, vídeos informativos e internet. Antes de tomarmos nosso rumo , esperamos os amigos italianos para nos despedirmos, mas um novo encontro marcado, desta vez um pouco mais para a frente.
Caímos na estrada novamente e não era qualquer estrada não, sabe aqueles lugares impossíveis de registrar em fotos? Paramos ao entardecer na “Navajo Bridge” o lugar onde escolhemos para passar a noite, no nosso quintal tínhamos uma incrível vista do “Rio Colorado”. Na manhã do dia seguinte vimos imensos condores californianos voando, esperamos que voassem de novo, mas eles estavam com preguiça e se refugiaram na estrutura da ponte. Pertinho dali fomos à “Lees Ferry”, no “Marble Canyon”, a “prainha ” do Rio Colorado, a cor da água era impressionante, deu vontade de dar um mergulho, mas a água era congelante.
Entre estas duas paisagens estão os “Vermillion Cliffs” não conseguimos chegar na parte mais bonita deles, para chegar tem que se inscrever numa espécie de loteria e não rolou, mas conseguimos ver muitas formações e montanhas interessantes, a estrada por si só já vale a pena. O clima estava perfeito, dizem que no verão faz um calor insuportável nessa região.
Quando achávamos que o dia já estava ganho, que já havíamos visto muita coisa bonita, pegamos a Highway 89, a estrada sentido à cidade de Page, onde íamos dormir naquela noite, vimos a indicação: “Horseshoe Bend”. Já sabíamos do que se tratava, então entramos. Havia um estacionamento lotado de carros, nenhum lugar para pagar entrada, somente uma placa informando o sentido e o tempo de caminhada.
No final da trilha de um quilômetro nos deparamos com a imensa curva do Rio Colorado em forma de ferradura, passamos umas duas horas hipnotizados, impactados pela beleza do lugar, tirando dezenas de fotos, vendo as cores se transformando conforme a luz, sinceramente um dos lugares mais lindos que já vimos. A parte divertida deste lugar foi ver as pessoas fazendo malabarismos para a melhor foto. Alguns com medo de altura, mas que a vontade de ver era maior, se arrastavam até a beirada, havia um marido segurando a mulher pelos pés, pior eram aqueles que não tinham medo nenhum, queriam se pendurar no matinho da ponta do precipício, tudo pela selfie! Perdiam óculos e bonés… Ali notamos a quantidade de asiáticos que visitam os Estados Unidos, em todos os lugares que havíamos visitado havia pelo menos um ônibus lotado. Eles são figuraças, com suas roupas coloridas e exóticas, seus eletrônicos de altíssima tecnologia, vimos uma mulher com uma viseira com placa solar que carregava bateria! Essa nunca perdeu um click. Demais!
Nossa aventura do dia acabou no “Walmart” em Page, o “condomínio” de muitos viajantes, casas, casinhas e mansões, todos adoram a rede de supermercados. Para finalizar, estávamos jantando dentro do carro, quando escutamos uma voz do lado de fora : São brasileiros! Quando abrimos a porta nos deparamos com um simpático casal de São Paulo (descentes de asiáticos) que haviam alugado um dos milhares Motorhomes que rodam pelos Estados Unidos. Conversamos um bom tempo, demos muitas risadas, nos contaram as aventuras dos 20 dias de viagem e se encantaram com nosso estilo de vida, ele falava para ela: Viu, e eles nem são aposentados… Viu, nós podemos… Viu… Pena que não conseguimos encontrar eles nos dia seguinte, quando acordamos eles já haviam ido embora. Para quem se animar, vou colocar o link da empresa do motorhome que os amiguinhos japinhas e aposentados alugaram ( infelizmente não lembramos os nomes deles). http://www.cruiseamerica.com/
Significado Quitinete: Substantivo feminino. Apartamento pequeno com um só banheiro , sala e quarto conjugados e cozinha aberta para este ambiente. Apartamento pequeno de uma só peça.
Quase isso…
setembro 23, 2019 at 10:01 pm
Vocês sabem aqueles livros que não conseguimos parar de ler? É o site de vocês. Parabéns pela história que vocês vivem e obrigado por incentivar várias pessoas