Projeto Mundo Cão

O que conhecemos de Honduras? A imigração, um motociclista argentino gente boa,   uma cachorrinha que tinha muita fome e três horas de estrada cheia de buracos. O país deve ter atrativos sim, mas muitos nos falaram da violência e da corrupção policial, então optamos em fazer as duas fronteiras no mesmo dia. Mais uma vez era domingo e a sorte estava ao nosso lado, sabíamos de gente que demorou de 4 a 6 horas em cada uma dessas fronteiras,  foram quatro, nós não demoramos mais de meia hora em cada. No mesmo dia fizemos a saída da Nicarágua e a entrada em Honduras, a saída de Honduras e a entrada de El Salvador, cinco horas da tarde estávamos acampados  na praia de “Los Cocos” já na costa salvadorenha.

El Salvador foi uma agradável surpresa, um país em desenvolvimento, com muitas empresas, cidades com grandes centros comerciais, nos pareceu um país  pacífico com um povo muito simpático e agradável, eles buscam tirar dos turistas o preconceito que o país sofre pelos muitos anos que viveu em constante violência, talvez este também seja o problema de Honduras,  ver com os próprios olhos sempre é a melhor opção, só temos boas recordações dos dias que estivemos pelo país. Cruzamos o país em poucos dias, mas o suficiente para conhecer paisagens bem interessantes e mais vulcões.

Desta vez fizemos uma caminhada de 6 horas para conhecer a espetacular cratera do Vulcão Santa Ana, no Parque Nacional Cerro Verde, ali conhecemos um  brasileirinho que vive na Inglaterra e sua namorada, os dois muito amáveis e simpáticos.  A caminhada foi matadora, mas a visão da lagoa esmeralda valeu muito as dores nas pernas do outro dia.

O “Cerro Verde” cercado por vulcões e a visão do vale com um lindo dia de sol era espetacular, mas apreciar as nuvens baixando, a paisagem se transformando e a noite caindo num lugar destes foi  indescritível. Dentro deste parque ainda havia um “hotel fantasma” cheio de lendas e histórias,  isso colaborou ainda mais com o clima de magia do lugar.

Mais uma vez dormimos sozinhos ao lado dos vulcões, num frio de cortar, mas é assim que gostamos,  fazermos nossa comidinha tranquilos, dormirmos assim que escurece e despertamos com os primeiros raios de sol,  protegidos dentro dos parques nacionais e cercados pela natureza,  mesmo assim, por incrível que pareça nos lugares mais  inimagináveis sempre aparece um cachorro e claro que neste lugar não foi diferente.

Outro atrativo bem interessante é o Lago Coatepeque,  que se formou na gigantesca cratera do vulcão extinto,  chegamos no fim da tarde e a cor do lago já não estava tão linda, o local se transformou em balneário, com hotéis, restaurantes, clubes de pesca onde turistas e locais se divertem principalmente nos finais de semana.

Demos uma passada pela “Ruta das Flores” e nossa parada foi na pequena e bonita “Juayuá”, acampamos no terreno do simpático recepcionista de um hotel da cidade, ele nos trouxe uma deliciosa comida típica e nos falou de tudo que poderíamos conhecer nas redondezas,  pena que não pudemos esperar até no domingo que aconteceria uma feira de comidas que ele nos recomendou muito.

Cruzamos rápido o país, mas com tempo para encontrarmos muitos cachorros pelas ruas,  também vimos muito lixo, eles sempre estão juntos, onde existe muito lixo, estão eles… os pobres vira-latas, adaptados à sobreviverem do que encontram e fadados  à solidão e ao sofrimento.

Essa cachorrinha marcou muito, seu olhar foi o mais triste que vimos, seu corpinho magro por tantas crias chegava ao extremo, doía olhar para ela, nos perguntamos, como suportam tanto?

Apesar de todos seus problemas para nós a América Central se mostrou surpreendente e  interessante, com lugares para explorar mais a fundo, vamos passando, cada dia mais próximos do nosso objetivo, e que venha a Guatemala… essa cheia de boas indicações!