Depois de Vegas, caímos no deserto, a estrada bem bonita nos levou ao parque mais desolado dos Estados Unidos, na entrada somente a placa  e um pequeno quiosque com mapas indicava que o “Death Valley National Park”  iniciava ali. O nome assustador pode realmente indicar problemas, no verão as temperaturas chegam aos 46 graus, é um dos lugares mais quentes do planeta e um dos lugares mais secos dos Estados Unidos, combustível, hoteis e restaurantes não existem por ali e os desavisados realmente podem ter sérias complicações.  As paisagens são incríveis; Salares , canyons e montanhas coloridas… um cenário natural de impressionar. Passamos a noite dentro do parque, numa noite estrelada e solitária,  e mais uma vez nosso único companheiro era o silêncio.

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Normalmente mapas e GPS  resolvem a vida de um viajante, mas às vezes o excesso de confiança nos coloca em situações muito loucas,  a forma antiga de parar e perguntar pode evitar muitos quilômetros em vão. Do “Death Valley” seguimos ao “Sequoia National Park”, abastecemos e colocamos o ponto no GPS, o caminho mais curto era um “passo de montanha” e com certeza esse era o mais bonito também. A estrada foi ficando cada vez mais  linda, subimos a imensa montanha e os carros foram sumindo, durante muito tempo não cruzamos com nenhum. De  repende,   depois de mais de uma hora na estrada,   apareceu uma placa informando “Closed” e num pequeno restaurante paramos para perguntar; De lá,  saiu uma moça encantada com nosso carro e começamos a conversar,  ela  explicou que por ali não era possível passar porque havia mais de dois metros de neve e tínhamos que voltar, mas estava um sol do cão! Este foi o primeiro espanto,  só ai descobrimos que estávamos na Sierra Nevada!Quando a amiga começou a  falar dela, veio o segundo espanto, ela era canadense e viajava também, mas  a pé! Fazia  oito meses  que ela estava na estrada, andando, desde o Canadá! A PÉ!

Depois de descer a montanha, dormimos por ali mesmo, pela manhã caprichamos no café da manhã, com direito a maionese de atum e beringela à italiana para um dia de muita atividade,  afinal, estávamos chegando no parque mais encantador dos Estados Unidos, o “Sequoia National Park”,  um verdadeiro santuário.

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O tempo médio de vida das gigantes é de dois mil anos, o tronco mais pesado deste parque equivale ao peso de vinte e cinco tanques de guerra ou quinze baleias adultas, as árvores podem chegar a  oitenta e três metros de altura e trinta e três metros de diâmetro, “General Sherman” é a estrela do parque,  sendo considerada o ser vivo de maior dimensão do nosso planeta,  sua idade  é estimada entre dois mil e trezentos  a dois mil e setecentos anos. Várias trilhas e caminhos  bem marcados te levam às centenas de árvores milenares, os pássaros, esquilos e outros animais colaboram para o ambiente mágico,  é impossível não se encantar com esse profundo contato com a natureza.

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Outra atividade deliciosa do parque é subir o “Moro Rock”, um gigante domo de granito com trezentos e cinquenta degraus que te levam até o topo, a subida é cansativa mas muito agradável e  a recompensa  é um visual de impressionar ,  a vista panorâmica  se perde na imensidão, chegando até às montanhas nevadas (aquelas do principio…) Tudo isso abençoado pela energia das árvores gigantes, que decoram o horizonte.

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Quando saímos do “Sequoia National Park ” o carro começou fazer um barulho estranho e como isso é a nossa maior preocupação, rapidinho descemos para cidade de Fresno em busca de um mecânico. Depois de algumas tentativas, com muita sorte arrumamos um que consertou rápido e num preço honesto o problema na cruzeta do cardã. Tudo resolvido, paramos poucos metros depois no estacionamento do Walmart para comer algo e passarmos a noite, de repente, um carro parou ao nosso lado e dele saiu uma família já tirando fotos da nossa “Mundrungona”,  o homem estava encantado dizendo que nunca havia visto uma Defender de perto e que adorava o carro, resumindo, acabamos a noite na casa da família tomando vinho, contando e ouvindo histórias, recebendo presentes, carinho e boas energias, a conversa foi tão boa que nem fotos tiramos.

No outro dia zarpamos cedo e fomos resolver outra bucha, ligar para o banco para resolver problemas com cartão de crédito; Depois de mais de uma hora parados dentro do carro num estacionamento quebrando o pau com a atendente, notamos uma simpática senhora batendo no vidro do carro, curiosa pela imagem de um cachorro em nosso logotipo,  ela  queria saber do que se tratava… Depois de 5 minutos de conversa, estávamos seguindo o casal que nos convidou para uma cerveja e conhecer suas cachorrinhas adotadas. Foram dois dias com eles e nos sentimos em um filme…

Chegamos num típico bairro americano , com suas garagens peculiares, conhecemos as duas cachorrinhas “Chanel” e “Coco” e vários vizinhos vieram nos conhecer,  todos nos levavam para conhecer suas casas e seus cachorros também,  de repente a festa estava pronta! A garagem ficou pequena para tanta animação. Quanto a Charlie e Jilll, os anfitriões, nem sei bem o que dizer.  Ela, pura sensibildade, amável e muito querida. Ele, com o sorriso mais fácil que já encontramos , transbordando carisma e alegria, sentado na sua Harley Davidson, sorria, com sua cara de criança crescida.  Pessoas que falavam  com o olhar, que queriam nos ajudar, que queriam nos agradar, sem se importar que éramos dois desconhecidos e que talvez nunca mais iríamos nos encontrar.  Essas experiências  não tem preço,  são pessoas que marcam muito,  a pouca convivência já é suficiente para despedidas com lágrimas nos olhos e deliciosos abraços sinceros.

As fotos dizem tudo. “Crazy and happy people… Charlie knows…”

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O parque das Sequoias e a cidade de Fresno estão na Califórnia, que é um dos estados mais populosos e maiores dos Estados Unidos e atrações não faltam, tem muito que ver, lindas praias, grandes cidades como San Francisco e Los Angeles e muitos parques nacionais. Dentre eles está o “Yosemite”, que é  um dos mais populares do país, recebe uma quantidade  absurda de turistas por ano e o que se vê são campings e hotéis lotados de turistas estrangeiros e principalmente muitas  famílias americanas.

O parque se destaca geologicamente pela grande presença de rochas graníticas, desfiladeiros, cascatas, bosques, lagos, glaciares e o vale mais impressionante de todos, tudo isso  transformou o “Yosemite” em patrimônio mundial e um dia não é suficiente para conhecer tudo, nas caminhadas estão escondidas as mais belas perspectivas. Tanto no verão quanto no inverno vale a pena, vimos no inverno somente por fotos e a paisagem  fica surreal coberta pela neve, nós passamos dois dias na pequena cidade próxima ao parque, no primeiro dia o tempo não estava lá essas coisas,  mesmo assim fizemos caminhadas, assistimos apresentações de video, aproveitamos para lavar roupa na lavanderia do parque, com direito a banho quentinho… E no outro dia o sol apareceu! Viva!!!

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A coragem de viajar talvez venha do desejo de escrever numa lousa limpa, de trocar as roupas velhas grudadas no corpo por atravessar a pé um caminho diferente, tirar o peso da frustração de cima da pilha de desculpas e  reviver sonhos adormecidos ou abandonados.  A coragem, vem da coragem de romper as barreiras, de não esperar o tempo passar para se dar conta que ele não volta. Para cair no mundo não é preciso ser rico, louco ou desprendido, é preciso ser corajoso.

Até o próximo post!