A “Alaska Highway” é conhecida como “ALCAN”, a estrada foi construída durante a segunda guerra com a finalidade de ligar os Estados Unidos através do Canadá e evitar invasão pela costa do Alaska, até 1948 ela foi utilizada somente pelo exército americano e pela guarda nacional e após o término da guerra ela foi liberada para o uso civil. A lendária estrada foi um desafio para a época, literalmente considerada uma operação de guerra, com mais de trinta mil trabalhadores, entre civis e militares, que executaram a obra em menos de nove meses. Hoje com 2.232 quilômetros ela começa em “Dawson Creek” no Canadá e termina em ” Delta Junction” no Alaska, tem até um guia muito interessante que foi criado para indicar os pontos de interesse da estrada, desde uma parada com comida boa até uma paisagem imperdível, quem passa por esse trecho obrigatoriamente deve ter em mãos o “Milepost”, o nosso ganhamos de presente do nosso amigo Dan Suguio e foi muito útil para nós.
A vida selvagem nesta região é fascinante, encontramos esse urso bem velhinho, que caminhava com dificuldade e parecia cego de um olho, vimos todos os tamanhos de “black bears”, contamos vinte e três ursos negros e somente um grizzly, o temido urso pardo, foi tão rápido que nem conseguimos tirar uma foto do ursão marrom. Mooses (que é um tipo de alce, mas este estava sem chifres ainda…), carneiros canadenses, raposas, cavalos selvagens, até um puma que passou correndo na frente do carro e uma incrível batalha de bisões que por pouco um deles não dá uma cabeçada no carro! Tudo isso entre nuances de montanhas, lagos cristalinos e muita natureza selvagem.
Uma parada para um simples cafezinho se transformava num contato singelo e magnífico com a natureza no seu estado mais puro, onde as cores, o vento, o silêncio, os animais… tudo em perfeita harmonia, num lugar onde realmente paramos para pensar como tudo foi criado com tamanha perfeição, é impossível não reconhecer a mão de Deus em cada detalhe.
Não tomamos a cabeçada do bisão, mas fomos presenteados com uma bela pedrada no para-brisas, num trecho onde a estrada estava em manutenção e um carro no sentido contrário nos acertou. Isso não foi motivo para deixarmos de apreciar as lindas paisagens e as diversas pontes do caminho, são 133 na estrada toda, uma mais bonita e interessante que a outra, a maioria com pavimento vazado de metal para não acumular neve.
Acreditem, essa última foto foi tirada à meia noite e meia, do surpreendente sol da meia noite, nessa latitude os dias de verão chegam a vinte horas de luz e em compensação os de inverno são extremamente curtos, a temperatura baixa média em janeiro é – 22 graus e o recorde foi registrado em 1947 com -52 graus. Isso explica as longas distâncias sem encontrar nenhuma cidade e porque essa região que tem o menor índice populacional do país.
Cansada de tanto andar, chegou a hora de dar uma geral na “Mundrunguinha” a nossa guerreira! Depois de tomar pedrada, quase levar uma cabeçada do bisão, nosso terceiro elemento ganhou novos filtros e óleo antes de sair na foto com as famosas placas de “Watson Lake” em Yukon. Nós não tínhamos uma plaquinha para deixar, deixamos só um adesivo para registrar nossa passagem por essa fabulosa “infinita highway”.
Depois da parada estratégica, seguimos em direção a “Dawson City”, tínhamos muito que ver e o que fazer naquelas “bandas”, a pequena cidade já foi a capital territorial de Yukon e depois da Segunda Guerra, quando a capital passou a ser Whitehorse a charmosa cidadezinha quase virou uma cidade fantasma, chegando a ter 600 habitantes. Hoje, um pouco mais de 2.000 pessoas vivem por ali, mas um tráfego de mais de 60.000 turistas anualmente movimentam o comércio de construções históricas e super conservadas, até novas construções têm que seguir o padrão charmoso e estiloso, é parada obrigatória de quem vai ao Alaska por esta rota.
Dawson também é porta de entrada para a fantástica “Dempster Highway” , era para lá que iríamos e acompanhados de amigos especiais… Connie, Marc e os fofíssimos Chilli e Pepper, nos esperavam em Dawson. Desde nosso último encontro que foi no México, combinamos que no próximo teria uma feijoada e assim foi, com direito a couve achada na pracinha; Os “meninos” prepararam os carros para não termos mais problemas com pedradas e lá fomos nós! Em direção ao Círculo Polar Ártico!
Com friozinho na barriga apontamos para uma aventura e tanto, a “Dempster “é uma fantástica e rústica estrada, entre tundras (bioma, clima e vegetação típicas do ártico) animais selvagens e paisagens suntuosas, por ela seguimos em direção ao finalzinho do mapa, para a casa dos esquimós, 737, 5 quilômetros por uma vasta zona que cruza o “Círculo Polar Ártico” até chegar em Inuvik, lá no final de tudo, o mais longe onde poderíamos chegar! Juntos comemoramos o privilégio de estar ali, com uma deliciosa feijoada , em ótima companhia, bom papo, boas risadas e juntos desfrutando uma linda jornada pelo inacreditável cenário.
E a feijoada não poderia ter sido melhor, a “couve” que encontramos na pracinha, que nunca tivemos certeza se era couve, fez muito bem seu papel, pelo menos tinha sabor de couve… teve Guaraná Antartica, feijoada a vácuo que a Connie guardou por meses para aquela ocasião, tinha até farofa! E claro, a preguiça típica da feijoada também rolou, com direito a cochilo no banquinho e tudo.
Sabe aquela história que o importante não é o destino, mas sim a jornada? Neste caso se confirmou… foram dois dias sensacionais, com direito a vento na cara num passeio divertido de bicicleta, pegadas de urso em volta do carro, pneus furados, salvamento de um senhor com carro capotado na beira da estrada (isso não registramos porque foi bem triste), conhecer novos e interessantes amigos, sol da meia noite, teve de tudo um pouco e o resultado foi inesquecível!
Depois de um dia cheio é só esperar a noite chegar e descansar né? E num lugar que a noite não chega? O que resta é contemplar a fabulosa experiência do verão boreal, que é o chamado “sol da meia noite”, um fenômeno natural observável somente no Círculo Polar Ártico e no Círculo Polar Antártico (no hemisfério sul é chamado de verão austral), onde os dias de verão são longos com pelo menos 20 horas de luz solar por dia e nessa latitude com pelo menos um dia de luz absoluta no ano com 24 horas de sol! Em compensação no inverno severo desta região acontece o contrário, quase vinte horas sem luz e pelo menos um dia por ano de noite absoluta, 24 horas na escuridão!
A pequena “Inuvik” já foi uma fronteira instransponível e está a menos de cem quilômetros do Oceano Ártico, hoje tem aproximadamente 3.500 habitantes , os “Esquimós”, como eram chamados os povos mais antigos, hoje fazem parte dos “Nativos Inuits”, nome dado a toda população que vive nas áreas geladas do planeta, como norte do Canadá, Alaska, Sibéria entre outros extremos. No curto verão as temperaturas são agradáveis, flores colorem uma região de beleza selvagem, mas o frio cruel e escuro faz parte da vida dura desse povo na maior parte do ano, que assim nos recebem, com sorriso fácil e simpatia todos que aparecem por lá e ainda te oferecem um certificado pela conquista.
Resultado final? Uma experiência e tanto, sentimento de objetivo alcançado, experimentar se sentir no topo do mundo e ter certeza que realmente podemos fazer tudo o que nos propomos, que a vida não deve e não pode ter limites, que o desconhecido é a mais fascinante das experiências; E quanto a sujeira do carro? Fantástico! Ela adorou, ela nasceu para ser assim!
“WE SURVIVED THE DEMPSTER HIGHWAY”
agosto 19, 2017 at 11:44 am
Aooohaaaaaaa
agosto 21, 2017 at 11:48 pm
Aooohaaaaeeeeeeee!!!!!!
Tudo bem meu brother!!! que legal que aparece!!! como está a vida por ai!!! vendeu a 90ventinha!!!
Abraço!
agosto 20, 2017 at 6:44 am
Voces fizeram a viagem dos meus sonhos. Eu dirigi a Alcan mas muito pouquinho. A-D-O-R-E-I suas fotos e o relato da viagem! Parabens! Maravilha mesmo!
agosto 21, 2017 at 11:43 pm
Oi Vivian,
Volta pra lá e termina…. quanto mais perto do finalzinho do continente mais linda fica a paisagem!
Obrigado por nos acompanhar.
Abraços a todos!
agosto 20, 2017 at 9:33 pm
simplesmente notável
agosto 21, 2017 at 11:42 pm
Obrigado Cid,
Estamos felizes que tenha gostado. Essa passagem foi realmente incrivel.
Abraços.
setembro 10, 2017 at 5:13 am
Olá Sergio.
Nós nunca pensávamos que este bichinho de viagem poderiam nos picar! Aquele dia que nos encontramos com vocês em Mahahual, Mexico, nunca pensamos em sair assim pelo mundo!
Mas agora, estamos construindo um projeto, eu e a Carla! Vamos comprar uma LR e adaptá-la para seguir viagem!
Não sei se voces lembram de nós, chegamos com um carrinho alugado e reconhecemos a placa do Brasil e batemos um papo por um tempo.
Deixamos medicamentos, pomadas para vocês, eu (médico) e Carla (psicologa) estavamos com nosso filho o Gabriel.
Ficamos muito felizes que voces alcançaram o objetivo de voces!!!
Abraço,
P.S. Se puder nos envie seu contato, whatsapp… no meu email.
Obrigado
setembro 30, 2017 at 9:30 pm
Como não lembrar de vocês!!! E acho que ainda temos alguma pomada daquelas pra mosquito kkkk!!!
Cara, como fico feliz de saber que vão realizar esse sonho de viajar o mundo!!
A gente aqui ainda tem muito o que rodar e muitos países que conhecer, e esperamos ve-los outra vez em alguma estrada perdida nesse mundão.
Para nos comunicarmos o mais fácil é pelo Msg do Facebook. Adiciona a gente lá e vamos nos falando. O que pudermos ajudar ficaremos felizes!!!
Abração!!!
setembro 12, 2017 at 9:49 pm
Exelente
setembro 30, 2017 at 9:24 pm
Gracias Fredy!!!
março 12, 2018 at 6:11 pm
Fantastic trip, Sergio and Eleni!
Nice pic and information. Thank you very much.
Good luck and safe travels!
Hello from Krasnodar, Russia!